Não repara a bagunça
- Samuel da Rosa Rodrigues
- 4 de abr. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de abr. de 2024
Deram-se as mãos pela última vez. Não porque não iam se ver mais, mas porque quando se reencontrassem, não seriam mais aquelas pessoas.
Prometeram cuidar um do outro, mesmo sabendo que aquilo era quase impossível. Nessa altura da vida, sabiam que o maior cuidado que você pode ter com o próximo é cuidar bem da sua própria casa, para que o outro possa se sentir bem quando visitar ela.
Foram cada um para o seu lado. Não sabiam o que estavam procurando nas suas jornadas, então procuraram por tudo. E como grandes aventureiros, colecionaram memórias, o único bem que fica.
Até que, no meio da jornada, aconteceu: conheceram pessoas novas. Conheceram pessoas incríveis.
Foi algo bem clichê: aquela pessoa que sempre esteve lá, mas que você nunca olhou com outros olhos, sabe?
Acolheram essa pessoa, cada um no seu meio, e falaram: “Estou em um período de mudanças, então se você quiser ficar, saiba que isso tudo está em transformação. Mas seja bem-vindo. Não repara a bagunça”.
Viveram e descobriram muitas coisas com essa pessoa nova, mas sabiam que toda jornada tem idas e vindas. Tinham que voltar para casa e viver com tudo que aprenderam. E queriam apresentar as suas pessoas novas, um para o outro.
Encontraram-se no final de uma terça-feira que passou muito rápido. Os quatro seguiram para aquele bar que sempre iam, mas só dois entraram.
Ele parecia confiante, de camiseta nova e sorriso leve. Ela parecia zen, com um corte de cabelo novo e um colar que não usava faz tempo.
As duas pessoas que eles eram ficaram do lado de fora, apenas olhando, orgulhosas.
As pessoas que eles se tornaram entraram no bar e se deram as mãos pela primeira vez.

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